Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol
por outra a luz do luar,
poroutra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas,quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo,e a humildade,
e o silêncio,e a surpresa,
e o amor dos homens,e o tédio,
e o medo,e a melancolia,
e essa fome de poesia....
Poema de António Gedeão
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário